Theatro Municipal do Rio de Janeiro apresenta grandiosa montagem de La Bayadère
Considerado o pai do ballet clássico, o coreógrafo Marius Petipa assinou em 1877 La Bayadère, um dos maiores ballets de repertório, com música de Ludwig Minkus. A Fundação Teatro Municipal, vinculadaà Secretaria de Estado de Cultura (SEC), apresenta nova montagem desta obracom coreografia do argentino-chileno Luis Ortigoza– com base na criação original de Petipa –a partir de 1º de junho, dando prosseguimento à programação artística sob a responsabilidade do Maestro Isaac Karabtchevsky.
Nos papéis principais deste ballet que terá 14 récitas até 6 de julho, se revezamMárcia Jaqueline,Renata Tubarão, Cícero Gomes,Filipe Moreira e Moacir Emanoel, do Ballet do Theatro Municipal,sob a direção artística de Sérgio Lobato. Os maestros Javier Logioia Orbe e Tobias Volkmann dividem a regência da OSTM ao longo da temporada de La Bayadère, apresentado no palco do Theatro pela última vez no ano 2000. Depois de se despedir, em 2012, dos grandes ballets de repertório, aprimeira bailarinaAna Botafogo estreia como ensaiadora para transmitir sua excelência técnica e experiência aos intérpretes dos personagens centrais deste espetáculo. Os cenários e figurinos, que vieram do Teatro Municipal de Santiago do Chile,foram elaborados por Pablo Núñez.
“Preparamos uma bela temporada para esta obra fundamental do ballet clássico,que nos conduz a um exótico passeio pela Índia e conta a história deum amor impossível entre uma dançarina deum templo hindu e um nobre guerreiro.
É um espetáculo poético sobre as fragilidades humanas com uma linda música de Minkus”, destaca Carla Camurati, Presidente da Fundação TMRJ.
Dividido em dois atos e cinco cenas, com libreto de Marius Petipa e Sergei Khudekov, La Bayadère teve estreia mundial no Teatro Bolshoi Kamenny de São Petersburgo, na Rússia.A história de amor eterno, mistério, destino, vingança e justiça é ambientada na Índia Real do passado e relata o drama de uma bailarina do templo – Nikiya, que está apaixonada pelo guerreiro Solor e é por ele correspondida. Nikiya também é amada pelo Grande Brâhmane, Sacerdote do Templo, mas ela não o ama como a Solor.Os jovens apaixonados planejam fugir juntos e juram fidelidade diante do fogo sagrado.
No entanto Solor esquece seu juramento quando o Rajá, satisfeito com o presente que recebeu de Solor, lhe oferece a mão de sua filha Gamzatti em casamento.Considerado uma das obras-primas coreográficas de Petipa, o ballet La Bayadèreintegra o repertório de importantes companhias, sendo muitas vezes encenado somente o Ato do ‘Reino das Sombras’.
Produção típica do fim do século XIX, La Bayadère foi concebido com um exótico e exuberante cenário de época, figurinos suntuosos e roteiro melodramático. Tudo era um pretexto ideal para danças dramáticas e cenas de mímica. Desde 1860 até meados dos anos 1880, Petipa compôs o ballet romântico dotando-o de um melodrama envolvendo o amor entre três personagens, onde mulheres sobrenaturais encarnavam o ideal feminino da época. A versão original tinha três atos e uma apoteose final que mostrava a Índia com os conflitos clássicos do ballet romântico que misturam amor, ciúme, intriga, assassinato e vingança.
Embora seja considerado um clássico na Rússia, La Bayadère – ou o amor frustrado do guerreiro Solor e da dançarina Nikiya – permaneceu desconhecido no Ocidente durante quase todo o século XX, por conta da deterioração das relações políticas e culturais entre seus países e a União Soviética.
O público parisiense e londrino conheceu apenas um trecho (o Ato do ‘Reino das Sombras’) em 1961, durante a turnê ao ocidente do Ballet Kirov. A primeira produção desta cena no ocidente foi montada no Brasil por Eugenia Feodorova no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Estreou em 1961 com BerthaRosanova como Nikiya eAldo Lotufo como Solor, sendo remontada mais tarde em 1990. A coreografia de ‘Reino das Sombras’ de Makarova foi apresentada no Theatro Municipal em 1986 e a versão completa foi montada no ano de 2000 e dirigida especialmente para o BTM.
Diretor do Ballet do Theatro Municipal, Sergio Lobato comenta: “La Bayadère é um marco na história do Ballet. Desde sua estreia em 1877, firmou-se como um forte desafio artístico e técnico para as grandes companhias de dança. O imaginário místico do oriente, o estilo romântico e a exigência clássica acadêmica, fazem deste espetáculo o mais difícil dos mais ilustres clássicos de repertório”.
Sucesso desde sua estreia, no ano passado, o projeto Falando de Ballet terá mais uma edição nesta temporada. Serão palestras gratuitas com uma hora de duração sobre o espetáculo a ser apresentado, com início uma hora e meia antes do começo da sessão, no Salão Assyrio. O palestrante será Paulo Melgaço, professor da Escola Estadual de Dança, Artes e Técnicas do Theatro Municipal Maria Olenewa, que falará sobre as coreografias, abordando também detalhes desta montagem.